CECILIA PEEK: A expressão Idade das Trevas, de fato, é adequadamente aplicada a qualquer época da história humana em que a autoridade de Deus, sob a forma do sacerdócio, não estava sobre a terra. Assim, concordo que essa expressão é apropriada à época em que tradicionalmente compreendemos como a Idade das Trevas nesse sentido.
Por outro lado, a época que tradicionalmente conhecemos como a Idade das Trevas, que é a medieval, foi uma época em que homens e estudiosos profundamente religiosos se esforçaram para tentar interpretar, compreender e articular a teologia e fé em Deus de maneiras bem interessantes. E nesse sentido não consigo considerar essa época – de jeito nenhum – como uma idade de trevas.
MILTON BACKMAN: De certa maneira, a restauração teve início quando Joseph Smith foi a um bosque, e ele ainda não completara quinze anos. Ele ajoelhou-se para orar, pois estava tentando identificar a qual igreja deveria unir-se, porque sabia que era um pecador. Ele perguntava às pessoas: “O que preciso fazer para ser salvo?”. De fato, durante três anos ele procurou, buscou, investigou e não conseguiu encontrar uma resposta satisfatória. Então ele foi ao bosque, acreditando no conselho de Tiago: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus” (Tiago 1:5). E Joseph Smith ajoelhou-se para orar.
A primeira coisa que aprendeu, na verdade, foi que o poder do mal é real e tremendo, e sentiu que quase seria destruído. Então, assim que se sentiu livre do inimigo, viu um pilar de luz, uma luz mais brilhante que o sol. Naquela luz, viu dois personagens gloriosos pairando sobre ele, os quais eram “semelhantes em aparência e características” (História da Igreja 4:536).
Durante essa visão, ele aprendeu que Jesus era o Cristo, e através de uma das mais extraordinárias verdades reveladas, a Expiação de Jesus, aprendeu que Ele era o Redentor e o Salvador do mundo. Então ele também aprendeu sobre a segunda vinda, que Jesus retornaria, além de aprender muito sobre o Salvador da humanidade, a realidade da apostasia e a autoridade e as doutrinas que não estavam mais na terra. Assim, essa experiência foi somente uma visão marcante que apresentou a Joseph Smith o evangelho de Jesus Cristo.
SUSAN EASTON BLACK: Ao pensarmos no jovem Joseph Smith, pensamos num garoto que cresceu na roça e cujo pai era um fazendeiro. Sua família morava no oeste de Nova York, em Palmyra, na área de Manchester. É extraordinário até mesmo mencionar que tanto o Pai como o Filho haviam aparecido a ele. Não creio que, quando Joseph Smith saiu do bosque, havia compreendido literalmente que a restauração era um processo e que aquele fora o primeiro passo.
MICHAEL D. RHODES: Existem várias profecias do Velho Testamento que mencionam a expressão “falar do pó”, ou coisas que viriam “do pó”. E isso certamente esclarece que são referências ao surgimento do Livro de Mórmon, que precederia à segunda vinda de Cristo: “Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus”. Que bela imagem da revelação proveniente do alto, do céu” ” (Salmos 85:8, 11).
PAUL Y. HOSKISSON: Entendemos que o Livro de Mórmon é um dos sinais dos tempos. O seu surgimento proclamou o início dos últimos dias e da restauração do evangelho de Jesus Cristo. Com certeza, falou-se a respeito do surgimento do Livro de Mórmon em várias profecias do Velho Testamento: “Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a tua voz debaixo da terra, como a de um que tem espírito familiar, e a tua fala assobiará desde o pó” (Isaias 29:4).
Os hebreus interpretavam essa passagem de maneira muito importante. Quando lemos o Velho Testamento e analisamos a palavra hebraica ov, que significa: “como a de um espírito familiar”, referia-se a um espírito que estava falando dos mortos. Com certeza o Livro de Mórmon possui um espírito familiar. Quando o lemos pela primeira vez, ele nos soa familiar. É algo que reconhecemos e é verdadeiro tanto na Bíblia como no Livro de Mórmon. São esses os antigos profetas que há muito estão mortos, enterrados, e que nos falam desde a terra, do pó.
JOHN TANNER: É significativo que as últimas palavras que Jesus falou no Monte das Oliveiras aos discípulos, antes de ascender ao céu, profetizaram sobre o sinal que apareceria antes de Sua vinda em grande glória. “E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
Isso é como uma profecia que recebemos antes da crucificação de Jesus: pois “este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações” (Mateus 24:14). Isso não acontecerá até que Ele retorne.
MICHAEL RHODES: v’daber alechem komar adonai yahweh hinneh ani loqeha et baneh yisra’el miben hagvoyim asher halekusam v’qibas’ti otam misaviv v’habeti votam el ad’matam: v’asiti otam l’gvoy ehad…. “Disse-lhes pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram; e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra”. Essa profecia está sendo cumprida maravilhosamente, à medida que vemos o evangelho de Jesus Cristo ser pregado em todo o mundo através do Livro de Mórmon, que é um instrumento para reunir Israel, que está espalhada por todo o mundo.
“Tu, pois ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros. E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão”(Ezequiel 37:16–17).
KERRY MUHLESTEIN: Ezequiel 37 é maravilhoso por causa das profecias sobre o surgimento das escrituras de Judá e José. Como Santos dos Últimos Dias, às vezes lemos essa passagem de maneira simplista, prestando assim, um desserviço a nós mesmos ao falarmos aos nossos amigos cristãos e judeus a esse respeito com uma compreensão simplista. Isso porque, se lermos o contexto – e devemos lê-lo minuciosamente e compreendermos do que se trata – concluímos que é sobre as tribos de Israel. Gostamos de acreditar que nos referimos aos pedaços de madeira como varas onde os pergaminhos eram enrolados.
Há algo de curioso em relação a essa passagem, mas o significado essencial é que as tribos de Judá e de José, que ao longo de toda a história foram inimigas de Guerra – ou, pelo menos, havia tensão entre elas — representavam o reino do sul e o reino do norte, ou o reino de Judá e o reino de Israel. Eles se reunirão por ocasião da segunda vinda. Então, quando se fala de dois pedaços de madeira que se unem, formando uma só vara, essencialmente fala-se sobre essas duas tribos que se reunirão. E ainda assim, no meio disso, há um significado subjacente que é maravilhoso. Tantas outras profecias, especialmente relativas às pessoas como Isaías, Jeremias e Ezequiel, deram um duplo sentido às suas profecias. O segundo sentido é o instrumento, o meio pelo qual as tribos se reuniriam.
PAUL HOSKISSON: Então, quando se fala de dois pedaços de madeira que se unem, formando uma só vara, essencialmente fala-se sobre essas duas tribos que se reunirão. E ainda assim, no meio disso, há um significado subjacente que é maravilhoso. Tantas outras profecias, especialmente relativas às pessoas como Isaías, Jeremias e Ezequiel, deram um duplo sentido às suas profecias. O segundo sentido é o instrumento, o meio pelo qual as tribos se reuniriam. E após fazer anotações e finalmente transferi-las para algo mais permanente, era preciso aplainar a cera para que se pudesse usá-la quantas vezes fosse necessário. E o profeta disse que tomaria dois desses pedaços de madeira e escreveria neles. Um seria para José e o outro, para Judá. Sabemos que elas referem-se, com certeza, ao Velho Testamento e provavelmente ao Novo Testamento, ambos provenientes da casa de Judá, e o Livro de Mórmon, da casa de Efraim. Essa é uma extraordinária profecia, é bem marcante. Na verdade o que o Livro de Mórmon devia fazer – como mencionado no capítulo 37de Ezequiel – quando surgisse, era unir as duas casas; reuni-las com doutrina correta e compreensão verídica, sabendo que Jesus Cristo era o Messias.
ANDREW SKINNER: Ao mencionar uma coligação de Israel nos últimos dias, o profeta Jeremias falou em nome do Senhor Deus de Israel: “Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os tenho lançado, (…) e os tornarei a trazer a este lugar, e farei que habitem nele seguramente. E farei com eles uma aliança eterna (…) e plantá-los-ei nesta terra firmemente, com todo o meu coração e com toda a minha alma” (Jeremias 32:37–41). Essa declaração profética não só transmitiu a idéia de uma coligação espiritual como também de uma coligação física e literal à terra prometida por Deus a Abraão, Isaque e Jacó – há muito tempo atrás.
CAMILLE FRONK OLSON: A coligação de Israel, a promessa e a importância disso para o Senhor – tudo remete ao extraordinário convênio Abraâmico . Nesse convênio, o Senhor prometeu a Abraão que, por meio de seus filhos, todas as famílias da terra seriam abençoadas e o evangelho lhes seria ensinado. E aqueles que acreditassem nesse evangelho seriam trazidos ao convênio. Tal promessa do convênio Abraâmico é a linha que entrelaça tudo em todos os evangelhos, todos os livros de escrituras em todas as dispensações. O lembrete é que, ao saber que é um filho de Abraão, que faz parte do convênio, há uma responsabilidade e oportunidade imensas profetizadas por Jeremias que os faria pescadores e os enviaria para pescar os homens e as mulheres do mundo. A idéia total é que, ao saber que somos um filho ou uma filha de Abraão, temos uma extraordinária oportunidade de sair e ajudar o nosso próximo. Esse enxerto na árvore, Jesus Cristo, a árvore da vida do sonho de Leí, representa vir a Cristo, ser selado a Ele, fazer parte da família, e essa é a promessa da coligação de Israel. Ele não se esqueceu de seus filhos. Como Isaías disse: Ele gravou Seus filhos nas próprias mãos e não se esquecerá deles. E a coligação é uma prova poderosa de que esse convênio é real
ANDREW SKINNER: Quando fui, há muito tempo, a Jerusalém, a cidade estava num processo de reconstrução. Não estava nem aos pés de como está hoje, e eu caminhava numa das praças da Judiaria de Jerusalém, quando vi um homem mais velho caminhar com as mãos nas costas, as mulheres empurrando carrinhos de bebês e crianças brincando na praça. Foi naquele momento que me lembrei em especial da seguinte passagem. “Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade, e o monte do Senhor dos Exércitos, o monte santo. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém habitarão velhos e velhas; levando cada um, na mão, o seu bordão, por causa da sua muita idade. E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão”. Tenho quase certeza que após a destruição do primeiro templo em 586 A.C. e a destruição do segundo templo em 70 A.C., e até mesmo com os desafios que foram impingidos ao recentemente estabelecido estado de Israel em 1948, ninguém jamais teria predito tão precisamente o que o Senhor traria a seu próprio e devido tempo. Percebi então que Ele já havia cumprido a sua promessa
Aprendi uma lição valiosa: é sempre melhor confiar nas promessas do Senhor do que depositar fé na aprendizagem secular, porque essa aprendizagem não pode predizer o que literalmente vemos acontecer diante de nossos próprios olhos.
NOEL B. REYNOLDS: A coligação possui uma dimensão espiritual e literal. Certamente a visão judaica dela sempre esteve concentrada na coligação literal daqueles que são do sangue de Israel. Em toda a história, devido à compreensão literal, pessoas de toda a parte ficaram familiarizadas com a idéia que Deus pode fazer convênios com o homem e que eles serão cumpridos.
CAMILLE FRONK OLSON: “E então os remanescentes que estiverem dispersos pela face da Terra serão reunidos do leste e do oeste, do sul e do norte; e terão conhecimento do Senhor seu Deus que os redimiu. E o Pai ordenou-me que vos desse esta terra por herança” — ao mencionar outra terra prometida e uma outra herança” (3 Néfi 20:13–14)—Então Ele continuou a dizer-lhes que, por ser a semente de Abraão, “o Pai ressuscitou-me para vir primeiramente a vós e enviou-me para abençoar-vos, desviando cada um de vós de vossas iniqüidades”. O Presidente Kimball fez referência a isso quando falou sobre aqueles que vieram a Cristo no México. O México se tornará uma terra de herança para eles.
Assim, aqueles na Suécia tornarão a Suécia a terra de sua herança, sugerindo novamente que onde quer que estiver o povo do convênio, onde quer que um templo puder ser construído, haverá uma terra de herança, que é um lembrete poderoso da presença de Deus, e onde Ele ensinará, protegerá e os direcionará para receber a plenitude do evangelho.
NOEL REYNOLDS: Ao fazer uma análise final, essa questão refere-se às crenças e à fé dos indivíduos. Assim, vemos que todas as imagens da coligação finalmente se concentram neste ponto: que para todo ser humano, pergunta-se: “Você se arrependerá e acreditará no Santo de Israel?”. E se a resposta for afirmativa, fará parte da coligação.
KENT BROWN: Nos feriados e em épocas de oração, estes portões por ora trancados, estariam repletos de seguidores num movimento contínuo de entra e sai. Eles sairiam destes portões e pisariam nestes degraus, que são os originais. Também teriam passado pelo cego de nascença, pois foi aqui que Jesus o encontrou e o curou. Vocês se lembram da história de quando o Salvador usou a lama para ungir os olhos do cego, e o enviou ao Poço de Siloé, e então o cego retornou enxergando.
Creio que esse milagre contrasta com o milagre anterior do evangelho de João, quando Jesus curou um homem do outro lado do templo, doente há 38 anos. Enquanto aquele homem o rejeitou; este, cego de nascença, o aceitou. Com certeza esse é o enigma que todos nós enfrentamos. Como reajo a esse Jesus? E essa será a mais importante questão até a segunda vinda.