JOHN W. WELCH: Bem no centro, tanto do Sermão da Montanha como do Sermão do Templo, encontramos a jóia do Pai Nosso. Antes disso, Ele havia dito: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento.” Isso foi dito no singular, mas depois Ele usou o plural: “Vós, porém, quando orardes, assim orareis.” Então, Ele deu instruções ao povo através de uma oração formal que, de certa maneira cobriu todo o mistério da deidade e tudo o que as pessoas sabiam e faziam no templo no mundo antigo.
VICTOR LUDLOW: Bem no início da oração do Pai Nosso, quando nos dirigimos ao Pai Celestial, que é a maneira que entendemos que devemos iniciar nossas orações, há uma expressão de louvor: “Santificado seja Teu nome.”
Em Salmos, encontramos salmos de louvor e salmos de agradecimento. Os estudiosos distinguem esses dois tipos de salmos, apesar de serem extremamente semelhantes, porque Os estudiosos distinguem esses dois tipos de salmos, apesar de serem extremamente semelhantes, porque enquanto os salmos de agradecimento reconhecem Deus pelo que faz, os de louvor O reconhecem por quem Ele é. E é na frase “Santificado seja o Teu nome” que o Salvador reconheceu um pouco mais o Senhor pelo que Ele é: Suas qualidades, sua personalidade. E à medida que nós reconhecemos a Sua glória, nobreza, divindade, amor e caridade, acho que estaremos o louvando, em voz alta ou não.
JOHN W. WELCH: A oração do Pai Nosso inclui a súplica mais solene: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Aqui está a chave para conseguirmos misericórdia. Se não perdoarmos outras pessoas, não estaremos qualificados para receber o perdão de Deus. A doxologia – Uma doxologia é um curto louvor a Deus em uso litúrgico, com frequência adicionada ao fim de cânticos, salmos e hinos: “Pois teu é o reino e o poder e a glória, para sempre, Amém.”
FRANK F. JUDD: A doxologia presente no final da oração do Pai Nosso não está, de fato, presente nos primeiros e melhores manuscritos do Novo Testamento. Mas a narrativa do Sermão do Templo no Livro de Mórmon a possui. Portanto é preciso fazer um questionamento sobre o porquê de essa doxologia ter sido retirada da história dos manuscritos do Novo Testamento tão cedo. Mas, no Pai Nosso, a doxologia “Pois teu é o reino e o poder e a glória, para sempre, Amém” realmente enfatiza a idéia de que, apesar de termos de pedir bênçãos ao Senhor e usá-las para ajudar o nosso próximo, tudo o que nós temos e somos, no final das contas, provém do Senhor, e estaremos apenas devolvendo a Ele isso tudo, e ajudando ao nosso próximo.
JOHN W. WELCH: Nas cerimônias dos templos no mundo antigo, havia somente louvores a Deus, reconhecendo de Seu poder e autoridade, dando-Lhe glória e submetendo-se à Sua vontade.
Após o Sermão na Montanha, Jesus saiu entre o povo realizando milagres. Suas ações refletiam a natureza absoluta de Seus ensinamentos. A progressão dos milagres de Cristo até o ultimo ato em que trouxe de volta a vida um morto é um paralelo de Sua vida e ministério.
JOHN F. HALL: A questão sobre o milagre de Caná é: Por que ele é tão enfatizado em João? Porque é um milagre bastante direto. Cristo transforma a água em vinho, e a ocasião do milagre é, com frequência, discutida. É uma comemoração de bodas e, Maria, Sua mãe, certamente tinha um papel importante nessa festa, pois estava preocupada porque o vinho havia acabado, e então pediu a Cristo que providenciasse mais.
ROGER R. KELLER: A resposta de Jesus a Maria parece um pouco áspera. Ele diz: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.” Na tradução dessa resposta em particular, Joseph Smith diz: “O que queres que eu faça para ti, Eu farei, pois não é chegada a minha hora.” Assim, esse é um relacionamento íntimo entre Maria e seu filho Jesus que está sendo enfatizado. “Maria sabia que Cristo possuía o poder para fazer algo a fim de resolver a situação constrangedora que os noivos se encontravam.”
De ter o vinho ter acabar durante a festa seria, no mínimo, uma gafe social. Portanto, será que Maria já presenciara o poder de Jesus quando era mais jovem, na época em que efetivamente não temos registro nenhum de Sua vida? Acho que podemos concluir que sim. Ela havia presenciado Seu poder de tal maneira que sabia que Ele poderia beneficiar as pessoas e também ajudá-la.
E quando Ele diz: “Ainda não é chegada a minha hora.” A hora dEle, com certeza, é o momento em que ele começa a se encaminhar inexoravelmente para o Getsêmani e a cruz, segundo o evangelho de João. Aquela é a Sua hora, mas ainda não é bem o momento de se entregar. Mas tudo a partir desse momento é o prelúdio do fim.
JOHN F. HALL: Quando Cristo decidiu realizar o milagre (e João em dar ênfase a essa escolha no segundo capítulo do seu evangelho), Ele o fez porque simbolizaria a expiação, a Sua missão terrena; e o vinho, representando o seu sangue, simbolizaria o sacrifício que faria.
ROGER R. KELLER: A razão disso, talvez no primeiro sinal no evangelho de João, é que tinha de apontar para o novo vinho do evangelho. Provavelmente também precisava prognosticar a expiação de Cristo, Seu sangue derramado e a última ceia que todos nós participamos ao tomarmos o sacramento e nos lembrarmos da expiação. E também aponta para o reino milenar que ainda está por vir.
GAYE STRATHEARN: Durante os próximos vários meses, Jesus viajou pela Galiléia ensinando sobre o seu reino vindouro e curando enfermos. Esse foi um período em que a popularidade de Jesus chegou ao seu apogeu. Foi quando multidões O buscavam para se deleitarem com Suas palavras e curarem suas aflições. Assim, não é surpreendente que, quando Jesus retornou a Cafarnaum, uma multidão também se reuniu lá. Em pouco tempo, a casa em que estava ficou inundada de gente. Todos os cômodos ficaram cheios, e na área externa também se reuniu uma multidão. Então, Jesus fez o que viera fazer: ensinar o Seu evangelho. Marcos registrou que Jesus pregava a palavra ao povo, mas sua pregação foi interrompida por um tumulto. De repente, o telhado se abriu e dele foi baixado um leito. E nesse leito havia um paralítico.
ALISON COUTTS: A multidão se reuniu, com certeza, para vê-lo. E, de repente, o telhado se abriu e quatro amigos baixam das telhas abertas um paralítico. Teria sido fácil para o Salvador simplesmente curá-lo, pois já havia feito isso antes. No entanto, disse: “Homem, os teus pecados te são perdoados.” Esse parecia ser um momento adequado para ensinar que o Salvador não estava na terra somente para aliviar nossos problemas físicos, mas também para curar uma pessoa de maneira integral. E o mais importante não é a cura física, mas a cura espiritual. Os escribas e fariseus estavam presentes e já procuravam por uma desculpa para se livrarem do homem que dizia ser o Filho de Deus. Ao perdoar os pecados do paralítico, o Salvador estava declarando quem era. Somente Deus pode perdoar pecados, todos nós sabemos. Então, ele confrontou diretamente os escribas e fariseus.
VICTOR LUDLOW: É uma coisa fazer com que um homem paralisado da cintura para baixo se levantasse e caminhasse, considerando a atividade física limitada desse homem, sabe-se lá por quanto tempo. Ao levantar-se da cama, e levá-la para casa sem a ajuda de ninguém, deve ter sido um milagre absolutamente impressionante para toda a multidão presente, tanto pelo fato da cura física como pela promessa de perdão dos seus pecados, o que indicou que Jesus era mais que um indivíduo que realizava milagres. Ele era o verdadeiro Ungido do Altíssimo.
PAUL Y. HOSKISSON: Nos evangelhos sinóticos, existe uma história maravilhosa sobre Jesus e seus discípulos que tentam cruzar o mar da Galiléia, provavelmente do lado leste para oeste. E, no meio do trajeto, caiu uma terrível tempestade. No entanto, Jesus parecia estar dormindo, e os apóstolos ficaram um pouco preocupados. Então os discípulos, de acordo com Marcos, despertaram-no. Jesus estivera na popa do barco. E disseram-lhe: “Mestre, não se te dá que pereçamos?” Jesus, então dá uma resposta extremamente interessante. Ele os repreende e em Mateus lhes diz: “Por que temeis, homens de pouca fé?” E em Marcos 4:39, diz “Cala-te, aquieta-te” e o vento e as ondas se aquietaram. E os apóstolos ficaram surpresos e disseram: “Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:37–41).
JUSTIN SU’A: Os apóstolos já haviam presenciado Jesus fazer um cego ver, dar vida a um morto. Mas acredito que eles sentiram grande temor aqui, porque tomaram conhecimento que a natureza obedecia a Cristo e após as palavras: “Cala-te, aquieta-te” os ventos cessaram e a tempestade se apaziguou.
PAUL Y. HOSKISSON: Jesus os adverte no versículo 40, o que desagrada a muita gente: “Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” Bem, o barco estava submergindo, todos corriam o risco de morrer e Ele pergunta: “Por que não tendes fé?” Suponho que essa alegoria é uma profecia futura sobre o que iria acontecer a eles e à igreja.
Tomemos por um momento o barco como símbolo da igreja, que posteriormente estaria sob a direção dos apóstolos, porque depois da morte e ressurreição de Jesus, ele não estava mais entre eles, próximo, mas não presente. É isso o que essa história simboliza: Ele estava adormecido na popa do barco, e não estava fazendo nada quando a tempestade se enfureceu ao ponto que até que o acordam. Eventualmente, a igreja cairia em apostasia, afundaria. E todos os apóstolos morreriam um após o outro, com o tempo, com a exceção de João. E nesse ponto, a questão é que quando se sabe que haverá uma apostasia, sabe-se que a igreja – a autoridade será retirada da terra e será preciso ter fé. Será preciso ter a mesma fé a que Ele se refere no barco, apesar de todo o caos e maldade do mundo que nos impressiona. Portanto, é a fé que faz com que se persista até o fim, até mesmo se o barco afundar.
JUSTIN SU’A: Talvez a tempestade mencionada em Marcos represente o mundo pecaminoso e perverso em que vivemos. Talvez seja um símbolo da época de nossas vidas em que perdemos o controle, sentimo-nos desesperados, e a única pessoa que pode nos salvar é o Salvador. Adoro o conselho que o Senhor dá a Joseph Smith em Doutrina em Convênios 101:16, que é um lembrete: “Toda carne está em minhas mãos; aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” Essa escritura e o exemplo de Cristo acalmando a tempestade ensinam que o Senhor sempre está próximo daqueles que clama a Ele em momentos de grande desespero. e Ele sempre está no controle.
S. KENT BROWN: Todos os quatro evangelistas relataram que Jesus alimentou 5000 pessoas. João contou que a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima enquanto Marcos narrou que a multidão assentara-se sobre a relva verdejante. Então, podemos concluir que foi durante a primavera, como todo mês de abril no hemisfério norte. E naquela época do ano, peregrinos visitavam aquela região, indubitavelmente na tentativa de ouvir a voz do profeta Galileu. Será que ele curaria os enfermos como fizera em tantos outros lugares?
JOHN S. TANNER: Outra questão que tinham em mente era: Este é o Messias prometido, como Ele próprio professa ser? Mas seja qual for a razão, as pessoas se congregavam ao Seu redor. Mas Jesus precisava de uma folga, pois as multidões não cessavam de pressioná-lo. Então, Ele se encaminhou para este local, no norte da Galiléia.
S. KENT BROWN: Espero que haja uma distância deste local até o leste, mas adoro a parte que ele não se afastou da multidão e em vez disso os ensinou. Após a pregação e um longo dia com Seus seguidores, Ele os alimentou.