DR. ZAHI HAWASS: O Egito é diferente de qualquer outro país do mundo. Sabemos que Herodes o Primeiro soube através dos reis magos sobre o nascimento de um bebê que seria o rei dos judeus. Então Herodes, com certeza, ficou alarmado, preocupado com seu reino, pois caso os judeus tivessem um novo líder, isso ameaçaria o seu reino. Então, ele ordenou uma busca em toda a Belém na tentativa de descobrir quem era o bebê que nascera. Foi exatamente isso o que aconteceu. Então José, o carpinteiro, e Maria, tiveram de fugir de Belém. E o único lugar seguro para onde poderiam fugir do rei, em minha opinião, era o Egito.
Eles passaram três anos e meio no Egito. E devido ao grande temor que tinham de Herodes e seu povo, nunca devem ter ficado em qualquer lugar por muito tempo. E por essa razão, passavam de um lugar a outro. E se tornaram em [UH] lugares sagrados para os cristãos, e são até hoje, e é por essa razão que muitas igrejas foram construídas nos locais por onde a sagrada família passou. Se vocês forem a algum desses lugares, até mesmo muçulmanos e cristãos repetirão os milagres de Jesus durante sua visita ao Egito. Tudo isso é prova importante da presença da família sagrada no Egito.
S. KENT BROWN: James E. Talmage supõe que a presença de José, Maria e seu filho em Belém poderia levantar suspeitas. E já sabemos que as antenas de Herodes estavam ligadas. Assim, houve pessoas que suspeitavam dessa criança. Além do mais, já houve conversa sobre o assunto. Houve o incidente de Zacarias no templo, quando pessoas perceberam que ele estava lá mais tempo que o de costume. Então ele saiu, mas não conseguia falar ou escutar. E havia conversa em Belém que havia pastores que tinham visto manifestação de anjos. Portanto, na ocasião da oferenda de sacrifícios pelo nascimento, Simeão e Ana [UH] passaram por experiências interessantes ao se encontrarem por acaso com José e Maria no templo quando traziam a criança, e então conversaram. Portanto, já existia conversa na cidade sobre essa criança, sobre algo que estava acontecendo. E isso, de fato, permitiu que forças deste mundo se alinhassem contra Jesus. Mas havia forças do mundo invisível que também se alinhavam a favor Dele. E, de certa maneira, aqueles dois mundos começavam a colidir com José e Maria. Eles não sabiam de tudo o que estava acontecendo, mas tudo iria se tornar mais claro com o tempo.
Estamos aqui no Mosteiro Sírio, no deserto ocidental do Egito que é parcialmente dedicado à visita de Maria, José e Jesus. Dizem que eles passaram por aqui durante a fuga do rei Herodes.
O início da vida de Jesus – entre a fuga da sagrada família para o Egito até o início de seu ministério terrestre aos trinta anos de idade – é encoberto de silêncio, tornando-se um convite à especulação e confusão. Em qualquer investigação sobre a vida de Jesus, podemos encontrar respostas nos textos evangélicos e nas obras de autores cristãos e judeus contemporâneos como Philo e Josepho.
“ Herodes, cinco dias após sobreviver ao assassinato de seu filho, faleceu, após reinar trinta e quatro anos desde que causou a morte de Antígono e usurpou seu reino.” Flávio Josepho. “Eis que o anjo do Senhor apareceu num sonho a José no Egito, dizendo: ‘Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. ’ E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré.” (Mateus 2:20, 23).
S. KENT BROWN: A cidade de Nazaré , um lugar eternamente associado ao nome de Jesus, é o lugar em que Ele cresce desde a infância até a fase adulta. Naquela época, Nazaré é uma vila tão insignificante que não é nem mencionada na maioria dos registros da época. Alguns estudiosos calculam que havia menos de quinhentos habitantes aqui. Lucas nos conta que aqui em Nazaré, uma jovem chamada Maria recebe a visita de um anjo chamado Gabriel que lhe diz: “E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus.” [Lucas 1:31]. Mateus registra que após a fuga da família para o Egito com o bebê, Maria e José retornam à Palestina e se estabelecem nesta vila. Aqui, desconhecidos nas ruas de Nazaré, caminha o Deus de Abraão.
PAUL Y. HOSKISSON: Muitas pessoas se questionam sobre o porquê da infância de Jesus Cristo não ser muito comentada nas escrituras. Temos apenas aquele único versículo. Mas algumas pessoas tentaram preencher as lacunas. Parte da literatura apócrifa fala sobre a infância e tipos de coisas que Ele fez enquanto crescia. Por alguma razão, o Senhor decidiu que não precisávamos ter conhecimento disso
MICHAEL D. RHODES: A tendência natural dos seres humanos é de querer preencher lacunas, e [UH] havia [UH], pelo menos antigamente, vários evangelhos que relataram fatos da infância de Jesus Cristo Eles narraram todo tipo de história extraordinária em que Ele faria com que a madeira da carpintaria de Seu pai germinasse, faria com que animais fizessem tudo o que quisesse, faria todo tipo de milagre extraordinário – tudo pura ficção, é claro. Os autores do evangelho não escreveram muito sobre isso porque realmente não era importante.
JOHN S. TANNER: E em todos esses elementos festas —o templo, a sinagoga e o lar eram cruciais para a criação de um garoto judeu. Os pais haviam-lhe ensinado a estudar as escrituras em casa, na sinagoga e no templo. Aquela deve ter sido uma parte proeminente da vida Dele. Orações devem ter sido proferidas todos os dias, o que nos leva à leitura das escrituras também. Deveria ter sido um lar religioso, ortodoxo, reverente.
CECILIA M. PEEK: Deve ter havido sobreposição significativa da educação secular e religiosa e presumivelmente a sinagoga teria sido o centro da vida educacional judaica. [UH] E, com certeza, uma ironia interessante na vida de Cristo é que Ele estudava as escrituras, Ele estudava sobre Si mesmo e lia as profecias acerca de Si mesmo e da própria vida.
ANDREW C. SKINNER: A única prova contundente que possuímos relativa à juventude de Jesus ocorreu num templo antigo. Quando Jesus tinha doze anos de idade, Seus pais o levaram a Jerusalém para comemorar o festival anual da Páscoa. Foi nessa ocasião que Jesus ensinou no templo. Quando José e Maria retornavam a Nazaré, que ficava a um dia de viagem de Jerusalém, descobriram que Jesus não estava com eles. Então eles retornaram a fim de procurar pelo garoto.
JUSTIN SU’A: Eles partiram de Jerusalém, numa viagem de um dia, com um grupo de galileus, retornando à Galiléia após a Páscoa, quando finalmente descobriram que Jesus não estava com eles. Os imagino procurando freneticamente por Ele e tentando reconstituir mentalmente seus passos. Mas acho que sentiram um pouco mais de pressão porque Jesus não era uma criança qualquer. Ele era tanto seu filho amado como também o unigênito do Pai.
VICTOR L. LUDLOW: O que Lucas nos diz é: “E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.” [Lucas 2:46]. Mas, as notas de pé de página, dizem: “e eles o ouviam e faziam perguntas.” Portanto, isso realmente era [UH] um diálogo, porque Ele os ensinava. De fato, tendo somente doze anos de idade, Jesus ensinava aos doutores ensinamentos básicos. Na verdade, eu suspeito que, vinte anos mais tarde, esses mesmos ensinamentos lhes seriam passados pelo operador de milagres de Nazaré, que então lhes impingia muita aflição e ansiedade. Naquele momento era possível receber perguntas e idéias de um garoto de doze anos de idade, pois ele não representava uma ameaça. No entanto, obviamente cerca de vinte anos mais tarde, como um adulto, ao ensinar provavelmente as mesmas doutrinas básicas, Jesus foi considerado uma grande ameaça ao poder e autoridade vigentes.
JUSTIN SU’A: Quando Maria e José entraram no templo, eles o reprovaram com firmeza e Maria disse: “Filho, porque fizeste assim conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.” A resposta de Jesus é interessante: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:48-49).
Podemos deduzir duas coisas dessa resposta: em primeiro lugar, Jesus relembra Maria que Ele não é filho de José e sim do Deus do céu, o que é um lembrete para ela e, em segundo lugar, Ele compreende Seu potencial divino. Compreende Seu papel no plano de salvação, até mesmo na tenra idade de doze anos.
S. KENT BROWN: Acredito que o nascimento de Cristo enfatiza a natureza concreta de Sua experiência entre nós, pois Ele não passou pela vida como um espírito que não sente como eu sinto, não vê como eu vejo, não toca como eu toco e muito menos é afetado como sou afetado por fatos e outros tipos de coisas que me cercam. Para Ele, tudo era tão real como é para mim, o que significa que Ele me compreende.
S. KENT BROWN: As circunstâncias extraordinárias que envolveram o nascimento de Jesus prepararam o cenário para a vida extraordinária que levaria. Como o profeta Isaías escreveu sobre o filho que nos nasceria: “Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre” (Isaías 9:7).
O anúncio do nascimento de Jesus de Nazaré , entre reis e pastores nas mais humildes circunstâncias ressoa através dos séculos. Várias culturas ao redor do mundo olham para a história e se descobrem nela. E apesar do pouco que se sabe sobre a Sua infância e juventude, a narrativa do menino Jesus que ensina aos doutores no templo aponta para o curso que o Salvador tomará ao estabelecer Seu reino na terra.