JOHN S. TANNER: Adoro quando Cristo disse que se importava tanto com o nosso bem-estar físico como espiritual. Ele é o Redentor de ambos, nossos corpos e nossos espiritos, isto é, o indivíduo como um todo.
S. KENT BROWN: Acho que esse é um conceito de extrema importância da nossa teologia.
JOHN S. TANNER: Acredito nela. Acho que nossa teologia refere-se à alma, isto é, ao corpo e ao espírito do homem. O ser integral é salvo pelo evangelho de Jesus Cristo.
MARCUS H. MARTINS: O milagre da multiplicação dos pães é um paralelo poderoso com a narrativa de Êxodo, no Velho Testamento. Essa foi a maneira pela qual o Salvador provou que Ele era, de fato, o Deus de Israel, considerando que Moisés e os filhos de Israel haviam passado quarenta anos no deserto alimentando-se do maná enviado pelo Senhor. Muitos séculos depois, o Salvador levou multidões de israelitas a lugares desérticos, como nos dizem os evangelistas, e Ele os alimentou da mesma maneira miraculosa que alimentara os antigos israelitas. Esse poderoso paralelo com certeza não deve ter passado despercebido pelos estudiosos da época. Jesus de Nazaré não só afirmou como também deu provas de que Ele era, de fato, o mesmo que havia enviado maná ao deserto, além de ser o Messias há muito esperado.
Agora o que descobrimos é que, entre a multiplicação dos pães para 5000 e para 4000 pessoas, existe outro encontro do Salvador com a multidão quando ele se recusou a fazer esse milagre. Após o dia quando alimentou 5000, o Salvador se encontrou com uma multidão, mas percebeu a sua intenção e os repreendeu, dizendo que eles o buscavam porque haviam comido do pão e se saciado. E naquele momento, Jesus lhes ensinou o sermão denominado o Pão da Vida.
JOHN F. HALL: Ele lhes mostrou Sua verdadeira identidade, prestou testemunho de Seu papel e testificou acerca de seu chamado como Salvador, aquele que lhes traria a salvação. Além disso, Ele os ensinou que o pão que devemos buscar é o pão da vida eterna, não o pão terreno. Ele afirmou que possuía o pão eterno que podia trazer a salvação e disse: “Eu sou o pão da vida que desce do céu. Se alguém comer desse pão viverá para sempre, e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” Assim, novamente foi feita uma referência à expiação através da qual Ele cumpriria a missão dada pelo Pai a Ele, e então Cristo seria capaz de cumprir o plano de salvação.
MARCUS H. MARTINS: “Desde então, muitos dos seus seguidores já não andavam com Ele.” É uma mudança interessante que ocorreu naquele momento quando aquelas pessoas abandonaram o Salvador. Ele se dirigiu aos doze e lhes perguntou: “Quereis vós também retirar-vos?” João 6:67
JOHN F. HALL: “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: ‘Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (João 6:68–69).
A tradução do rei Tiago é: “nós acreditamos e estamos certos que tu és o Cristo” é bem forte. Mas a palavra nós vem do grego pisteuo, e pisteuo é ainda mais forte. Se tomasse esse texto do original em grego, eu o traduziria como: “e nós temos fé.” Como podem ver, é importante que reconheçamos que não é só uma questão de crença, é uma questão de fé. E pela fé, chegamos ao conhecimento. Eles sabiam quem Cristo era.
Bem, todos os discípulos de Cristo, de qualquer época, devem chegar à essa conclusão: reconhecer que Cristo é o Filho de Deus, que Ele é o único caminho pelo qual podemos retornar à presença do Pai. Isso é o que Ele ensinou no sermão do Pão da Vida, que é uma parte fundamental, porque Ele se revela e testifica acerca da própria identidade, e os apóstolos também testificam a Ele do que tinham conhecimento. E então todos também devemos fazer o mesmo se quisermos ser verdadeiros discípulos do Salvador e, através do Filho, retornar à presença do Pai.
KAYE TERRY HANSON: Então, o que percebemos quando tomamos conhecimento dos milagres de Jesus é que todos são importantes, mas gosto especialmente da narrativa de João, porque ele escolhe apenas sete milagres para nos ensinar, e isso é tudo. João começou sua narrativa de uma maneira bem simples com as bodas de Caná, quando Jesus transformara água em vinho, e a terminou com a volta de Lázaro à vida.
Sabemos que Jesus foi a Jerusalém, onde já estivera por duas vezes e, de fato, ficou bem próximo de lá – na região sul – no final de Sua vida. Sabemos que Ele passou pela Betânia onde foi recebido por Maria, Marta e Lázaro. Eles eram, com certeza, discípulos devotos. E nessa viagem, Ele passou pela Perea, quando Lázaro ficou enfermo. Maria e Marta, então, enviaram alguém para chamar o Salvador. E quando o mensageiro o alcançou, disse: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas” (João 11:3) O nome de Lázaro nem ao menos foi citado, mas o Salvador sabia. Ele sabia que amava Lázaro, Maria e Marta.
KERRY MUHLESTEIN: Mas o Salvador tinha algo em mente naquele momento, e por isso não foi naquele exato momento. Ele enviou uma mensagem dizendo-lhes que aquela enfermidade era para a glória de Deus. Não sabemos se essa resposta chegou aos destinatários ou se Lázaro já falecera quando chegou. Imaginem se Lázaro já estivesse morto quando Maria e Marta recebessem a mensagem do Salvador. Isso as teria deixado confusas, mas o Salvador não fez nada durante mais dois dias. Ele permaneceu na Perea e prosseguiu com o seu ministério.
KAYE TERRY HANSON: Quatro dias completos haviam passados desde que Lázaro havia sido sepultado. Isso é significativo, porque os judeus acreditavam que o espírito deixava o corpo três dias após a morte. Então Ele esperou o quarto dia para garantir que os judeus soubessem que Lázaro realmente estava morto. Isso não seria um truque que poderia ser explicado. Lázaro, de fato, estava morto.
CECILIA M. PEEK: Maria e Marta permaneceram notavelmente fiéis até a chegada de Jesus. Marta foi a primeira irmã a encontrar-se com Ele. Ela ouviu Sua voz e, saindo de casa, seguiu em sua direção para encontrá-lo. E quando ela o encontrou, basicamente a primeira coisa que Lhe disse foi uma expressão de sua fé contínua e ininterrupta. Ela disse efetivamente: “se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.” Mas Jesus respondeu: “teu irmão há de ressuscitar.” E ela acrescentou: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição dos mortos,”, mas ela se referia à ressurreição do último dia. Então Cristo lhe disse: – o que parece ser uma troca pessoal somente os dois – “Eu sou a ressurreição e a vida.” Essa é uma das declarações mais enfáticas em João e é expressa numa troca entre Jesus e Marta de forma bem interessante, pessoal e até íntima. Marta é a primeira pessoa com quem Ele é tão explícito em termos de Seu verdadeiro poder e identidade.
KERRY MUHLESTEIN: Maria, em lágrimas, também ficou sabendo que o Salvador havia chegado e foi ter com Ele. E aqui encontramos um pequeno e simples versículo, o menor de todos nas escrituras, mas é tão repleto de emoção que nos dá uma percepção do Salvador e nos ensina que devemos reagir como Ele. Quando o Salvador viu o sofrimento de suas amigas, um sofrimento tão grande e profundo por terem perdido um irmão a quem amavam, Ele soube que em um momento tudo se transformaria em alegria, pois Ele faria com que Lázaro voltasse à vida. Ao ver sua dor, lemos em João 11:35 as simples palavras: “Jesus chorou.” O Salvador, mesmo sabendo que elas ficariam bem, sentiu a dor delas, o que O tocou, O perturbou tão profundamente que O levou às lágrimas.
E algumas pessoas disseram: “Ah, vejam como Ele ama Lázaro”. Outros perceberam: “Ah, se Ele houvesse chegado antes, talvez teria evitado que essa coisa tão terrível tivesse acontecido.” Jesus, pois, bastante emocionado, se dirigiu ao sepulcro, e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra.” Então, esse era o propósito de Cristo.
Marta, que antes desse evento possuía grande fé e até mesmo dissera: Sei que Deus concederá a Ti tudo o que pedires. – Acho que ela começou a pensar sobre a realidade do que se passava. Naquela época, segundo a tradição Judia, os mortos deviam ser sepultados muito rapidamente, e então Lázaro já estará no sepulcro há bastante tempo. Disse Marta: “Senhor, já cheira mal.” Coloquem-se no lugar dela. O que ela questionava era se eles realmente queriam entrar e ver Lázaro em estado de decomposição. Provavelmente não seria a maneira como ela queria se lembrar dele; não seria uma boa experiência.
Ainda assim tiraram a pedra e, diante do grande milagre, o Salvador fez uma prece. Observem que essa é a terceira vez que Ele estava dirigindo a atenção para o Pai em vez a Si. E isso é consistente com Seu ministério, e aqui, como Ele estava para realizar o maior de todos os seus milagres, e deixou claro que não poderia perder a oportunidade de chamar a atenção de todos para o Pai. Então, no versículo 41 de João 11 lemos: “Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: ‘Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.’” Jesus poderia ter agradecido ao Pai em silêncio e sabia que o Pai estaria com Ele.” Cristo disse que agradeceu ao Pai em voz alta para que todos soubessem que Ele somente fazia a vontade de Deus. Portanto, quando fez esse grande milagre, a atenção não ficou voltada para Si e sim para o Pai, além de deixar claro que estava na terra para cumprir a missão que o Pai lhe enviara para cumprir.
KAYE TERRY HANSON: Então, Jesus clamou em voz alta: “Lázaro, sai para fora.” Podemos imaginar aquele homem saindo cambaleando da escuridão, vestido de mortalha, envolto em tiras brancas, como era costume na época. Com certeza fico surpreso – imaginem só – sua necessidade de responder àquela voz que dizia: “Saia para fora.” E ali estava ele, vivo novamente. Maria e Marta já haviam dito que sabiam que Lázaro seria ressuscitado, mas estavam muito tristes por ele haver falecido. Esse milagre foi tão extraordinário que os discípulos de Cristo entraram em êxtase. E aqueles que procuravam por qualquer falha da Sua parte também O fitaram desconfiadamente. Então, começaram a procurar as autoridades para lhes contar quem e o que Jesus estava declarando ser. Essa seria a base das acusações que Lhe seriam impostas.
ANDREW SKINNER: Com certeza acho que Jesus tinha poucos amigos, ele não possuía muitas pessoas com quem podia conversar. E Marta, Maria e Lázaro eram três pessoas em quem podia confiar, e um dos poucos lugares da terra em que podia ir descansar, ser Ele mesmo, falar sobre coisas do cotidiano e sentir seu amor por Ele. E sabemos que eles, de fato, o amavam por causa do que João nos disse no capítulo 11.
Acho que Ele ficou entristecido quando encontrou pessoas que sofriam muito porque um de seus melhores amigos havia falecido. E também acho que isso encheu-Lhe de compaixão e levou-O a fazer o milagre, um ato que Deus podia fazer, mas não faria sempre porque não era o ideal para as pessoas ao Seu redor. Mas naquela ocasião, Ele sabia que era o maior dos milagres e, isso é, em parte, o que O instigou a realizar um milagre tão poderoso. Os textos relatam que Jesus trouxe alguém de volta à vida em três ocasiões. Assim, é o excesso de compaixão que motivou Sua ação.
Quando Ele transformou o vinho em água em Canà, curou o paralítico, acalmou o mar revolto e Suas palavras fizeram com que Lázaro levantasse do túmulo. Jesus realizou milagres que espantaram as crescentes multidões. Para muitos, os milagres e sermões de Cristo eram prova inegável de que Ele era o Messias prometido, o filho de Deus. Para outros, entretanto, Suas palavras e obras eram heresia – ações dignas de morte. Poucos dias após trazer Lázaro à vida, o ministério e missão de Jesus chegariam ao ponto culminante e Ele se voltaria para o Getsêmane e o Gólgota.